Carta ao Director do “Diário de Notícias”

Exmo Senhor Director do Diário de Notícias:

Uma vez que, segundo a notícia da página 43 do DN de 31/12/2011, “DN ‘adota’ novo acordo depois de amanhã” [agora, amanhã, pois], amanhã será o dia em que este leitor assíduo do DN, há tantos anos que já não se lembra desde quando, deixará de o ser, porque este leitor assíduo não ‘adota’ o acordo e, por uma razão de coerência, de sensatez e mesmo de honra (nem que ficasse sozinho, que não fica, muito longe disso!) suspender assinatura de jornal ou revista que o ‘adote’ (não se trata de assinatura mas é como se o fosse: é uma compra e leitura diária que, pois, deixará de o ser).

Há um dia da semana – quarta-feira – em que irei continuar a comprar e a ler, para não perder a crónica de Vasco Graça Moura. Espero que ao menos esse vosso colaborador leve até às últimas consequências a sua coerência de militante anti-acordo e que, de duas uma: ou ele escreve a crónica não ‘adotando’, ou o DN terá de o despedir…, pois não creio que ele fosse capaz de ‘adotar’ “uma coisa obscena chamada acordo”, a “grafia imbecil” das três que vão agora ficar adoptadas. (As aspas marcam citações ipsis verbis do bom escritor, bom poeta e poeta-tradutor Vasco Graça Moura).

Aproveito o ensejo para referir um acontecido que não deixa de ser interessante. Na Notícias Magazine, secção FAÇA-SE OUVIR, naquela letrinha rosa, estatuto da secção, dizia-se (escrevia-se) que “a revista arroga-se o direito de…”. Enviei por email a seguinte mensagem:

“Caros Senhores da revista Notícias Magazine,Permito-me vir lembrar-vos um pequeno lapso linguístico (a língua portuguesa é muito traiçoeira, não é?). Não acredito que vocês se arroguem o direito do que quer que seja, pois parto do princípio de que a revista não é arrogante; nem a “antiga” nem a “remodelada” que, aliás, acho que está na boa linha. Permito-me, então, sugerir que “a revista arroga-se o direito” (FAÇA-SE OUVIR, “Instruções de utilização”, linha 4) seja substituído por “a revista se reserva o direito”. E parabéns!

António Marques”

(Note-se a delicadeza da linguagem, indo ao ponto de usar o eufemismo ‘lapso’).

Verifiquei que aceitaram a minha correcção, mas não tiveram a coragem de publicar a minha mensagem. Concluí que, afinal, me enganara: a revista é arrogante ou, pelo menos, não tem a humildade que é, como sabemos, a mãe da sabedoria…

Vou enviar este texto por email e, amanhã, por via postal c/ AR.

Com os meus melhores cumprimentos.

António Marques

Pombal, 1 de Janeiro de 2012

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