1. LÍNGUA: O ESCÁRNIO.
É um espectáculo de escárnio e maldizer. De escárnio, pois! Então, não? Pega-se num jornal (DN, por exemplo), seja ou não seja de referência (não se sabe bem de que referência… mas vamos lá: de referência, então). A gente vê que a maior parte dos textos seguem essa baralhada ortográfica a que chamam ‘acordo’ (eu chamo-lhe, simplesmente, ‘nem-brasileiro’). Mas, quando se chega às crónicas, ou seja, aos chamados colunistas, aí, deparamos com a língua portuguesa, escrita por bons cultores da língua, os melhores, se tivermos em conta todos os escritos do jornal. E, justamente, esses textos, numa percentagem para aí de 90%, trazem, ao fim, uma notinha onde se lê, por estas ou outras palavras que querem dizer o mesmo: “Por decisão pessoal do autor, este texto não segue a ortografia do [assim chamado] Acordo Ortográfico” (“assim chamado” é meu].
Quanto aos textos ortografados em meio-brasileiro, a gente sabe: os donos do jornal mandaram e os funcionários (jornalistas ou fazendo de conta…), cumprem a ordem, por imposição ou autocensura, claro.
E a gente pensa e diz: é isto um jornal de língua portuguesa?! Não, não é um jornal em língua portuguesa: é um escárnio à língua portuguesa! Escárnio, porque, precisamente, dentre os escreventes de todas aquelas páginas, os que, em nosso entender, melhor dominam a língua escrita, quiçá os que a cultivam com mais mestria – os colunistas – “tomam a decisão de não obedecer ao ‘acordo’, ou melhor, ao ‘desacordo’. Escrevem a língua como entendem que ela deve ser escrita hoje.
E, depois de folhearmos todo o jornal, só nos apetece dizer: então, é isto um jornal português?! Não! Isto é um escárnio à língua portuguesa!
2. LÍNGUA: A RECONQUISTA.
Depois da nomeação de Vasco Graça Moura (VGM) para o Centro Cultural de Belém, lembrei-me de compor uma postagem para o meu blogue, com este título: “E agora, Vasco?!”
Não o fiz. E o processo tem-se desenvolvido com uma rapidez tal que decidi para o texto este título que aí está: Língua: a reconquista..
Primeiro foi VGM em Belém. Agora é já a Universidade Clássica de Lisboa. (Que dois grandes bastiões!) E todas as outras instituições, do mesmo nível e da mesma responsabilidade, estão à espera de quê? Que Afonso Henriques volte com a sua espada, para, castelo a castelo, operar, com a sua força, a Reconquista da Língua? Que bela oportunidade perdeu a cidade de Henriques – Guimarães – Capital Europeia da Cultura! E as outras? A começar pelas escolas. Não tenham medo, que as editoras vão atrás. Ai não, não vão! Cidadãos, percam todos o medo, tenham coragem! Ou então, como diria o outro: não sejam piegas!
Vamos repor a nossa Língua!
3. A PROPOSTA.
Insistindo na ideia do ponto 1, é um espectáculo deprimente o que nos estão oferecendo a maior parte dos jornais deste País, do país de língua portuguesa: é que, na maior parte deles, não se chega bem a saber qual a língua: se o português, se o brasileiro, se uma mistela de português e brasileiro. (Sem qualquer obrigação: mais papistas que o papa?…). Também se refere lá que os que pressupostamente melhor dominam o português, ou seja, os escribas colunistas (aí pelos 90%), declaram em nota, no final do respectivo texto, que não “adotam” o AO, mas adoptam sim a “ortografia antiga”, querendo com isto dizer a ortografia da reforma de 45. Et pour cause! Eles é que têm razão, porque, à excepção dos seus textos, o resto é uma salgalhada que ninguém domina (nem pode dominar!) e que, também “adotada” em locais oficiais e nas escolas, só serve para atrasar a aprendizagem do ler e do escrever o português!
Sendo assim, aqui se propõe ao GRUPO LENA que dê ordem para que, em em todos os órgãos da Imprensa do seu domínio, se adopte obrigatoriamente a ortografia de 45, seguindo o exemplo do Centro Cultural de Belém, presidido por Vasco Graça Moura, e parece que também da Faculdade de Letras de Universidade Clássica de Lisboa. Estou muito triste com a revista do meu sindicato Escola Informação – SPGL. António Avelãs é director na fotografia, mas o texto é “escrito conforme o novo Acordo Ortográfico”. O Correio de Pombal, cujo prestigiado director, conhecido grande cronista e mais um bom cultor das letras, não tem problema em ‘avisar’, nos bons textos de sua autoria, que “não vai à bola com o Acordo Ortográfico”, poderia muito bem ser, aqui na Alta Estremadura, um pequeno mas valioso bastião da Reconquista da Língua. E, já agora, o Rodilha. Como estamos de ortografia? Cada uma escreve como entende? E porque não enfileirarmos todos na Reconquista?…
4. ESTE TEXTO, nos seus primeiros três pontos, foi publicado em O Correio de Pombal de 01.03.12, p. 10, e será em o Rodilha. As postagens estão no blogue. Ao receber as revistas do meu sindicato – SPGL – e da federação em que se integra – FENPROF – poderão calcular os meus queridos e admirados colegas dirigentes dessas instituições a tristeza (para não dizer coisas mais fortes) que me invade quando as leio e verifico quão é prejudicada a sua força de luta que têm demonstrado e em que eu me reconheço pela adopção (adoção… ou será adução?…) “dessa coisa obscena chamada acordo ortográfico” (Cf. Vasco Graça Moura). O bons dirigentes Nogueira e Avelãs, e companheiros, se calhar mais papistas do que o papa (quem os obrigava?…), resolveram estragar as revistas lançando nelas a “criminosa” (de novo VGM) estragação da Língua que, “criminosamente” (idem) está em curso. Só por isso, vejam vocês, apetece-me “desarriscar-me”.
Aqui, da retaguarda dos fragilizados, um forte abraço (pela luta que não pela escrita!), do
António Marques (SPGL, nº037094)