1. Carta ao Círculo de Leitores
Exmos Senhores,
Tendo conhecimento da vossa edição da OBRA COMPLETA do grande Padre António Vieira, fiquei muito interessado em saber se a v/ iniciativa usou a ortografia do português vernáculo – reforma de 1945 – a única que considero hoje legítima e digna do grande construtor da Língua de Camões. É que, se porventura estragaram a SUA OBRA usando uma bárbara língua chamada Acordo Ortográfico, desistirei, incondicionalmente, de adquirir a ‘VOSSA OBRA’. Prefiro passar por um alfarrabista e comprar nem que seja só os Sermões, mesmo com a ortografia original.
Com os meus cumprimentos.
Pombal, 9 de Abril de 2013
António Marques
2. Resposta do Círculo de Leitores
“Aceite os melhores cumprimentos do Círculo de Leitores.
O Acordo Ortográfico está em vigor, foi ratificado por Portugal em 2008; todas as instituições públicas e respetivas publicações seguem o AO; o Ministério da Educação implementou um calendário de adoção do AO que começou em setembro de 2011, tornando obrigatória, desde essa data, a progressiva utilização da nova ortografia nos manuais escolares; uma parte significativa dos livros que publicamos pelas chancelas do Grupo Bertrand-Círculo também.
No que respeita à produção editorial, a regra no Grupo Bertrand-Círculo é a utilização da nova grafia, nomeadamente no caso de traduções.
São sempre admitidas exceções nos textos de autores portugueses, ou de língua portuguesa, sempre que essa seja a vontade manifestamente expressa pelo autor – à semelhança, aliás, do que se passa na maior parte da imprensa.
Dada a dimensão da Obra Completa de Padre António Vieira, cuja publicação agora se inicia, foi necessário optar por uma única norma em toda a sua extensão. Como noutros casos, esta decisão foi tomada em conjunto com os diretores da Obra.
Cordialmente,
Filomena Rodrigues
Atendimento a sócios
Direção Comercial”
3. Contra-resposta minha
Exmos Senhores,
Imaginem Vossas Excelências que (e cito-vos) “são sempre admitidas exceções…” (penúltimo parágrafo, linha 1) [que ex-sessões?… – posso eu perguntar]… Bastaria este exemplo para confirmar a teoria que vou provar no meu blogue sobre as tais consoantes do Acordo, ditas “mudas”…
Esta lei ilegítima, no único espaço lusófono chamado Portugal, é bem a prova daquilo que eu já escrevi no blogue. Não bastava o Alcácer-Quibir do Sebastião! Não bastava o Alcácer-Quibir do Passos! Faltava só o Alcácer-Quibir da Língua de Camões (o tal AO)! Eu, por mim, preferi suspender todas as assinaturas que ‘adotaram’ (ou ‘adutaram’?… ou ‘aduziram’?…) essa língua bárbara chamada Acordo Ortográfico!
O Círculo de Leitores nunca me enganou. E cada vez menos.
Com os meu cumprimentos.
Pombal, 11 de Abril de 2013
António Marques
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